Utilizei duas TAs que fossem facilitadoras da atividade de leitura a um aluno com deficiência visual parcial. Nos conteúdos que envolvem leituras, como análise textual e histórias matemáticas, nos quais o aluno portador de necessidade especial tem maiores dificuldades, ele conta com sua memória auditiva, daí a escolha do software “FALADOR”. Esse programa reproduz oralmente o que for copiado para a sua área de transferência.
O programa apresenta uma voz sintetizada, tanto masculina como feminina, sendo selecionada a de sua escolha nas configurações. Também há possibilidades de alterar os timbres da voz, assim como a velocidade da leitura.
Devido à faixa etária do aluno, foi escolhido o livro “Sapato Furado”, do Mário Quintana.
Inicialmente foi mostrado o livro ao aluno para que o mesmo identificasse as imagens de maior tamanho e se familiarizasse com o material e explicado os passos seguintes.
O texto do livro, anteriormente digitado, foi colado na área de transferência do software para que o aluno o escutasse.
Alguns minutos depois, após a audição, foram feitas algumas indagações sobre o texto.
Posteriormente, foi apresentado ao aluno o recurso da Lupa, no computador. Utilizaram-se novamente trechos do mesmo livro do Mário Quintana, nos quais o aluno realizou a leitura oral, por sua própria decisão.
Primeiramente o aluno demonstrou estranheza pelo som emitido. Percebi que a voz sintetizada não o agradou de imediato. Interrompi a audição e o questionei se queria que eu alterasse para outra. Quando modifiquei para uma voz feminina, percebi a sua expressão de satisfação. Em seguida, avisou-me que estava muito rápido. Novamente interrompi e diminuí a velocidade. Retomei a audição. Ele muito curioso e imóvel, ouvia com muita concentração.
O aluno já tinha afinidade com o computador, o que facilitou a aplicação da TA. Relatou que já usava o recurso “Control +” para aumentar o tamanho da tela.
A Supervisora e a Orientadora Escolar permaneceram na sala durante a aplicação, mas o aluno sentiu-se muito à vontade com a presença delas. Notou-se uma integração muito afetiva entre eles, o que considero fundamental no processo de aprendizagem de um PNEE.
Quando a audição foi concluída, iniciei um diálogo com o aluno em questão sobre os aspectos principais do livro. Ele respondeu prontamente aos questionamentos, sem titubear e fazia perguntas que fui respondendo e “linkando” com novas questões. Relatou que queria ser médico ou jogador de futebol, referindo a um dos trechos do livro no qual o autor comentava que queria ser “ele mesmo”.
No momento que apresentei a LUPA, imediatamente ele começou a ler o trecho que se apresentava na tela. Ele queria mostrar-nos que conseguia ler, independente da sua limitação. Leu praticamente soletrando, porém com grande entusiasmo de decifrar os códigos linguísticos e contextualizá-los em uma tarefa, na tela no computador.
Ficou clara a possibilidade de integração do aluno em uma classe regular, desde que assistido de forma adequada para isso, pois foi eminente a satisfação do aluno ao conseguir realizar uma atividade corriqueira, a todo alfabetizado.
